segunda-feira, 28 de abril de 2008

Viva os Cravos.

Fiz aquela viagem de 4 horas e tal que falei. Maior que essa só tinha feito a de regresso de Paredes até Lisboa por causa da minha bisavó.
Esta soube-me bem, carreguei-me de CD's de música, e troquei-os mais vezes que meti mudanças.
Ao chegar a Viseu, um sol de fim de dia que me queimava metade das saudades de casa de uma vez. Cheguei a casa, e com aquele sol todo a bater nas janelas de dois por cinco, a casa continuava fria, gélida mesmo. Ecoava só de pousar o mala da roupa na entrada. Parecia um pedaço de céu abandonado, para fazer um xixi tinha que ir à rua ligar a àgua primeiro. E até que os canos ficassem cheios, havia barulhos por toda a parte, como nos filmes de terror em que começa a saír sangue das torneiras e o caraças. Freaky.
Saí à rua. Primeira pessoa que chamei? O David, sim, o chinês com quem fiz a minha infância quase toda. Seguimos para o primeiro bar com esplanada que vimos, para onde fomos falar das nossas habituais conversas: As nossas cenas de infância. Priceless, estar com ele. Priceless.
Ah, no fim o cabrão obrigou-me a beber um Kalashnikov e a morder o limão, foda-se. Quando era puto não bebia daquilo, mas vá.
Chega a quinta-feira, fui almoçar ao centro, e segui para Aveiro ter com os três farpinhas de lá, o Nuno, o Telmo e o Marco. Mas os outros foram todos lá ter, menos o Xico, fiquei fodido com ele. Aí telefonaste-me, quando cheguei. No momento em que tranquei o carro.
Fomos para a praça à noite, no Estádio era Hip-Hop, e eu com isso, só aqueles old schools de Miami que andavam de skate, ou esquece lá isso. Partimos um vidro da Cascata, e fugimos, eu estava ao lado, e o vidro partiu-se todo ao meu lado. Permaneci. Gostei da ideia de ver o mundo todo a partir-se, e eu ali quieto, numa parte onde o vidro estava inteirinho. Estava sozinho, mas pelo menos não parti nada, não fiz asneiras, e ri-me como eles.
Acabei a garrafa de Favaios toda, e deitei-me cedo.
No dia a seguir, ofereceram-me bacalhau assado para o almoço (como pouco peixe, nota brevis para vocês), e a ressaca e o sono juntos ao sal e ao alho, levaram-me ao consumo de um litro e meio de coca-cola com bacalhau, mas vá.
Fui molhar os pés à Ria, naquela parte onde era uma fábrica e agora é um centro de congressos. Eu a morrer de calor, e os gajos das tunas de um festival qualquer que ali havia todos trajados a morrer, imagino. Podia estar pior, pensei eu. Molhei os pés na água, naquele sítio de madeira onde os barcos encostam e que tem pneus à volta. Como estava a ser bom de mais, claro que meti logo uma farpa de madeira pelo dedo adentro. Logo na mão, a mão. Que é tanto.
Costumo dizer que tenho mais jeito para dançar com as mãos que com os pés, e um dedo com uma farpa ajudava pouco a sentir-me bem comigo mesmo. Ás 19h saí de lá, eu e o João Maria. Calor infernal, fomos os dois no carro de vidros abertos, música gravada de propósito, e soube tão bem. Ir com ele por ali fora, a falar, a sentir Verão, a sentir calor, férias, e aquelas cenas de gajos que sabem a cevada e a "ya altamente!". Posso dizer que por uma hora, fiz uma surf trip, sem pranchas e sem surf.
Chegado a Viseu, fui a casa tomar um banho, saí para ir jantar, e fui tomar café com uma saudosa amiga do 10º ano, p'ráí. Quando me disseste por vezes te arrastares lá pela tua cidade, não fazer nada por casa, seguir para os cafés, ficar acordada até tarde, tudo isto até as obrigações nos darem tamanho chapadão que está na hora de mexer os glúteos, senti-me um pouco mais acompanhado. É que eu estudo nas aulas, estudo à noite, e durante a tarde desfaço-me em textos destes e fotografias e filmes e merdas deste género, e à noite só me resgatam quando o sono é tanto que não me aguento.
Uma mini, e amendoins, queres? Lol, e eu a café. E uma mini no teatro? Obrigado pela companhia.
Sábado, acordei cedinho, andei a fazer coisas no jardim, mas perdi lá imenso tempo e não fiz nada. Depois de almoçar fui à rua. ao Central, pedi um café, gamei uma revista ao Gil e fui lá para fora para aquela escadinhas debaixo da Companhia Paulo Ribeiro a beber o meu café duplo com gelo (num copo de whisky, o Gil não acerta uma nessa parte de escolher copos), a minha revista, um cigarro, e a escada no meio da rua sentado. Quando dei por mim, as pessoas estavam a olhar para mim com um ar estranho, tipo de tolinho no meio da rua, estavam-se a importar comigo. Depois é que me lembrei que estava em Viseu e não em
Lisboa. Se bem que uma vez, a Inês fez um "WOO HOO" ali ao pé do Marquês, e alguém respondeu de dentro do autocarro. Heh.
Depois fui jogar ténis para o Fontelo com o João Tó, e já que estamos em Portugal (sim, sou crítico destas merdas do desenrascanço), se não podem fazer um campo de terra batida, não vão andar a espalhar areia em cima de piso duro. Á custa dessa merda, a minha mão decidiu ir ao chão, o que resultou em mais três dói-dóis nas minhas coisas que mexem e sentem, logo agora que perdi o médico de família.
Jantar de anos da Lekas, a Eva emborrachou-se toda e fez sete montinhos de vomitado. Eu andei a falar de conchinhas e mãos de fada. Pois, estava de carro. Acabei o sábado a comer uma dose de batatas fritas no Obviamente, e pronto, fui para casa, não sem antes passar por uma parte lá na circunvalação em que vês a Sé de Viseu toda iluminada, como se a minha cidade fosse só aquele bocadinho.
Em suma, nestes dias falei mais que em 15 dias de Lisboa.
Claro que depois para culminar em maravilha, adormeci às quatro e pouco da manhã na minha cama (que em todos estes dias que lá estive não me lembrei de ti), e tive este estúpido e feio sono que descozeu o remendo que tinha andado a fazer nestes dias.
Agora olha, não sei outra vez, mas vá.

Sempre vosso,
João "Habitualmente" Mariano.

1 comentário:

M. disse...

não gosto de remendos. acaba por rebentar tudo pelas costuras outra vez. its all a matter of timing.

às vezes mais vale deixar mesmo roto com a pele à mostra.


no alarms and no surprises, please


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