terça-feira, 30 de outubro de 2007

Citando:

Bacalhoeiro:

"Não actues, sê real.
Quanto mais natural fores,
quanto mais honesto,
mais perto estarás do teu clown.
Olhas recordas...
Energia alta!
Faz rir com o que és,
a maneira com que fazes as coisas...
Não procures o riso, encontra-o."

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Texto pictórico.

Há qualquer coisa de leve na tua mão. Qualquer coisa que aquece o coração. Há qualquer coisa quente quando estás. Qualquer coisa que prende e nos desfaz. E Two Days in Paris desfez-nos em gotas de mar salgado. Foi ali, depois de tantos naufrágios em mares distantes, que percebi que aquela miúda loira, desequilibrada e francesa nos queria dizer alguma coisa. We let her sing us a waltz. "Sou parecida com ela?" "Não." "Eu acho, tanto." E não dissemos mais nada. Eu acho-me mesmo parecida com ela. Talvez ela seja a minha pessoa em dimensão hiperbólica. Não sei. Ela faz o que faço. Ela passa-se como eu. Ela tem a mesma sensibilidade que eu. Very French, very me. Não sei, repito. Mas ela tem o dom da retórica que eu não tenho. Ela é mais sensata depois de causar todas as perturbações à sua volta, ambas estamos geneticamente progamadas para isso, para o caos. Ela depois de uma Guerra de Cem Anos é capaz de discursar pacificamente e persuadir quem a ouve. Eu não. Sou péssima em oratória. Quantas batalhas já perdi contigo por não saber expressar aquilo que me faz tremer? Admiro-a no sentido de ter o conhecimento de se materializar em palavras e terminar com um breve ponto final. Eu não. Eu sou uma suspensão, acabo em reticiências. No entanto, sou previsível. O filme não é fascinante, mas é excelente. Só pela simples coisa: Serendipity. Paris é Lisboa. Lisboa sou eu. Há qualquer coisa na luz de Lisboa que nos faz ficar. Despimo-nos de máscaras e deixamo-nos queimar pelos raios do anonimato. E é tão bom fazer UUU e ouvir-se eco num autocarro amarelo. Não se sente vergonha, está-se de postura claramente descontraída na capital. O Bairro Alto e aquele espaço branco que combina livros antigos com cavalos de baloiço. E o homem velhote que foi responsável pelo guarda-roupa do filme Laranja Mecânica? É demasiado grande, demasiado pequena. Quando chego à terrinha, tudo me é familiar: a estação rodoviária, as lancheiras quentinhas do LanXeirão, a frutaria que fecha só às 20:30. É-me familiar pelo número de vezes que já frequentei esses espaços. Por outro lado, em Lisboa nada me deixa de ser familiar porque aquilo que vejo é aquilo com que sonho. Tanto toco, sinto, vejo e choro nos sonhos como na realidade. As sensações permanecem. "É Medicina, é por baixo, é por cima, é a malta mais potente. É a malta do caralho, é quem tem maior vergalho, é quem fode toda a gente!" Esta é a poesia possível do meu curso. Uma pessoa até acha piada a este tipo de rima fácil-ordinária, mas facilmente se cansa também. Queria já fazer o juramento de Hipócrates e dedicar-me ao ofício, ao sacerdócio. Hei-de ser uma boa médica e tratar com dignidade os doentes. Ah, atenção: não disse pacientes nem utentes, disse doentes. Não quero ser técnica de saúde. Vês? Já estou com discurso à Santana. Engraçado. Quero dar assistência médica e dançar. Quero conciliar estas prioridades. Sempre consegui fazê-lo e não é pela exigência do curso ou pela vasta área da cidade que vou deixar de conseguir. Para semana, começo. E tu, esse Scheme? É fixe? Bugg. Double g? Não sei nada disso. Temos que nos ajudar um ao outro e namorar para sermos felizes, não para sofrermos. Isso é uma estupidez. As crises de défice de atenção são ridículas, "estar a rachar lenha" é desnecessário, o ciúme vingativo é pior que fumar. Quero que saibas que não gosto de brincar aos namorados, gosto do género dramático em palcos de teatro, não nas nossas ruas. Vamos crescer. Vamos dividir tempos em ecopontos. Precisamos de nos renovar, reutilizar, reciclar. Somos tão novos e já temos muitas rugas de expressão. Sabias que a largura máxima de um veículo é 2,55 metros?

Diálogo Final, só de um filme.

"To sum up the four hours of discussion that followed, it's not easy being in a relationship much less to truly know the other one and accept them as they are and with all their flaws and baggage. Jack confessed to me his fear of being rejected if I truly knew him, if he showed himself totally bare to me. Jack realized after two years of being with me that he didn't know me at all nor did I know him. And to truly love each other, we needed to know the truth about each other, even if it's not so easy to take. So I told him the truth, which was I'd never cheated on him and I also told him that I'd just seen Matthieu that afternoon. He did not get mad at me because nothing had happened, of course. I confessed to Jack that the toughest thing for me was to decide to be with someone for good, the idea that; this is it, this is the man I'm going to spend the rest of my life with. To decide that I will make the effort to stay and work things out and not run off the minute there is a problem, is very difficult for me. I told him I could not be full with just one man for the rest of my life, it was a lie but I said it anyway. He asked me if I thought I was a squirrel, collecting men like nuts to put away for cold winters. I thought it was quite funny. And he said something that hurt my feelings. The tone changed drastically. Then I misunderstood what he was sayiing, I thought he meant he didn't love me anymore and I thought he wanted to break up with me. It always fascinates me how people go from loving you madly to nothing at all, nothing. It hurts so much. When I feel someone is going to leave me, I have a tendency to break up first before I get to hear the whole thing. Here it is. One more, one less. Another wasted love story. I really love this one. When I think that its over, that I'll never see him again like this.... well yes, I'll bump into him, we'll meet our new boyfriend and girlfriend, act as if we had never been together, then we'll slowly think of each other less and less until we forget each other completely. Almost. Always the same for me. Break up, break down. Drink up, fool around. Meet one guy, then another, fuck around. Forget the one and only. Then after a few months of total emptiness start again to look for true love, desperately look everywhere and after two years of loneliness meet a new love and swear it is the one, until that one is gone as well. There's a moment in life where you can't recover any more from another break-up. And even if this person bugs you sixty percent of the time, well you still cant live without him. And even if he wakes you up every day by sneezing right in your face, well you love his sneezes more than anyone else's kisses. I wasn't sure which part you wanted exactly, so here's the whole thing. It's a dirty world Reich, say what you want."

2 Days in Paris, Julie Delpy, 2007.

Surpresa

Viseu quer dizer muita coisa, e desta vez para ti, esperemos que a última, significa "net". E net já sabemos o que significa. Net = páginas da net = blogger = Vinte e três.
Então, aqui vai um apanhadinho do mês de Outubro, nulo em postagens.
Este dia, 23 de outubro, indica o dia 23 do mês 23 de namoro. Coisa assim regressa só e somente no dia 23 do ano 23 de namoro. É de realçar. Há coisas que nunca mais voltam, há que pegar nelas da melhor maneira para que quando se olhe para trás se pense nelas como algo inescurecível.
Should i go back, should i go back, should i?
Nota brevis: Mudou-se a música. um dois três e quatro.