domingo, 30 de março de 2008

MEC

«É natural que tenhas medo que te apanhem. A guerra continua tão estranha. Dum dia para o outro, já não sabemos que esperar. Tomamos os comprimidos, como todos os outros, só que o efeito é o contrário do que pretendemos. Nós queríamos ser felizes.
Ninguém nos acompanha nisto. A noite desce como um pano. As pessoas desaparecem, como se fossem para casa. Não temos maneira de saber o que está certo.
Dou-te as flores de onde vim, que vieram comigo, que atravessaram o mundo não se sabe bem porquê. Os teus olhos continuam iguais. É preciso insistir. Não fazemos diferença um do outro. Percorremos distâncias enormes, junto dos faróis e dos comboios, com a música muito alta, sem dizer nada que nos interesse. Não nos conhecemos. Nunca seremos interessantes. O carro precipita-se em vez de nós. A paisagem substitui as nossas caras.
Eu gostaria tanto de amar-te. Quando te tomo nos meus pensamentos, vai a noite escura ao largo da gente e das árvores, e eu penso que a minha alma te pertence. Pudera eu, meu amor, ou lá o que és, que pudesse pertencer a alguém.»

( )

3 da manhã, táxi, rádio marginal.

Drying up in conversation
You will be the one who cannot talk
All your insides fall to pieces
You just sit there wishing could still make love

sábado, 29 de março de 2008

Tchin Tchin, a toi mon ballon rouge.

Parar o sol sobre Lisboa

– Aguenta-te

e há alturas em que é difícil aguentar, Júlio. Que raio de destino, que sina. A voz dele

– Como estás tu?

e a lata de me perguntar isto a mim que nunca sei como estou, nunca soube como estava.

– Como estás tu?

é a pergunta mais difícil de responder do mundo. Na tropa tínhamos um dentista que era um soldado a quem ensinaram a arrancar dentes. A gente sentava-se numa cadeira de braços, ele pegava num alicate, dizia

– Frime-se

e começava a puxar. Estou a vê-lo tirar um molar ao capelão, com o joelho no peito dele porque o molar não vinha. Para o fim chorava o dentista, chorava o padre, secavam as lágrimas, o alicate avançava de novo

– Frime-se meu capelão

o capelão todo agarradinho aos braços da cadeira, o joelho imenso nas costelas, o barulho arrepiante do dente a quebrar-se, a ceder, a sair e o capelão branco como papel cavalinho a cambalear na parada. Nos momentos de desespero ordeno-me

– Frima-te

e começo a puxar o primeiro dente da alma que apanho, de joelho apoiado em mim mesmo. De modo que é o que vou fazer agora, neste final de Setembro que tanto me tem custado. Ao princípio escrevi: o que posso fazer, o que devo fazer. Pois bem, devo ordenar-me

– Frima-te

e tirar a minha chuva interior a alicate. Se com o capelão deu resultado porque bulas não há-de dar comigo? E depois de jogar aquilo tudo no balde

( – Quer ver o seu dentinho meu capelão?)

ser Deus por uns minutos e parar o sol sobre Lisboa. Ora aí está a solução: parar o sol sobre Lisboa, parar o sol sobre mim

– Frima-te António

até deixar de ter precisão de frimar-me


Excerto de António Lobo Antunes, na Visão

Invejosa Música de Filme

Tenho a maior inveja de não ter tido esta ideia contigo.

quinta-feira, 27 de março de 2008

A todos os prisioneiros

A todos os prisioneiros, não desistam, lutem pela vossa inocência.
E eu espero não estar preso tempo suficiente para ter tempo de escrever o livro que está na moda escrever-se quando estamos presos, espero antes acabar o nosso bloquinho.

(:


Again Today



Broken sticks and broken stones
Will turn to dust just like our bones
It's words that hurt the most now isn't it
Are you sad inside, are you home alone
If I could just pick up the phone
Maybe you could see a better day
And you won't waste away
Under my watchful eye
Because I'm your hero and you're my weakness

Who's gonna break my fall
When the spinning starts
The colors bleed together and fade
Was it ever there at all
Or have I lost my way
The path of least resistance
Is catching up with me again today

I'm broken down, not good enough
The broken promises add up
To twice their weight in tears which I have caused

I'm afraid to sink, I'm afraid to swim
I'm sad to say I miss my friends
I know that I'm supposed to step away
But they need me to stay and keep a watchful eye
On all my heroes and all their demons

But who's gonna break my fall
When the spinning starts
The colors bleed together and fade
Was it ever there at all
Or have I lost my way
The path of least resistance
Is catching up with me again
Not today
Not today

Was it ever there at all
And have I lost my way
The path of least resistance
Is catching up with me again today

Broken sticks and broken stones
Will turn to dust just like our bones again today
I'm broken down
Not good enough
The broken promises add up again today

Was it ever there at all
And have I lost my way
The path of least resistance
Is catching up with me again today
Again today

terça-feira, 25 de março de 2008

Lição nº1 de Karaoke: Coração com buraquinhos.

Ora bem, instruções para A lição nº1 do "KaraoKe 23": Faça play no Video do Youtube, deixe marinar uns segundos, e desate a cantar e a chorar. Tem a letra por baixo do video.



Eu sei que o coração às vezes chora

Mas ninguém se da conta, porque não se vê
A Vida corre tão veloz lá fora
Quando chega o momento de crescer
Mas há tantas barreiras no caminho
Algumas que magoam e fazem cair
Como o sol sem o céu, está sozinho
Eu vou estar aqui, p'ra te fazer sorrir

Refrão:

Tenho o coração com Buraquinhos
E só o quero curar
Eu quero juntar os pedacinhos
P'ra nunca mais me magoar


Se o teu coração tem buraquinhos
Eu sei que te posso ajudar
Nós vamos curá-lo com beijinhos
E com muito amor, vais melhorar

Cura, Cura
Um coração com buraquinhos
Cura, cura
Com amor e com beijinhos
Cura, cura
O coração magoado
Quando estamos juntos ele fica curado

(2 x)

Eu sei que a vida é uma corrida
E nunca ninguém a quer perder
Se em ti a dor, existe e abre ferida
Eu vou estar aqui para te socorrer

textos velhos

"The smog over deadly chestnuts on NY before the usual table on the finest 5th Av. spot made me remember my hometown, our hometown. I once asked her if she thought we'd meet if she was born a couple of seconds later. I bet we would, but that same split second would alter our factuous hello. Queres ir ja para casa ou bebemos mais champomi? Amo-te.
5 anos antes: Ainda nao sei se vamos. Estou um bocado receoso acerca do meu emprego, porque o dela e certissimo que ela vai gostar, e em Nova Iorque. De NY tambem gosto, eu sei, mas com tudo que vamos gastar so para nos mudarmos, neste momento preferia ja passar da casinha de univ para uma casa so nossa, e que naquela e um bocado chato pendurar os quadros porque o dono daquilo é a modos que para o chato. Muito estranho, isto. Pensavamos imenso em inter-rails, em erasmus, e nunca pensamos morar na 5a Avenida. Algumas coisas mudam, outras nao: Amo-te. Hoje: Penso em mil e tal vidas diferentes contigo. Nenhuma me tira vontade de ficar contigo."

domingo, 23 de março de 2008

#


















Come back.
Come back to me.

Mais uma data a recordar, só porque hoje é 23.

"Ouve-se a mudança na maturação, nas notas que ganharam cãs. No primeiro som há na garganta um corte de ar. Tudo soa ao ácido da infância que agora não acreditamos que existiu, que matámos com sorrisos quentes de um corpo ainda não nosso, arrastado num slow. Começamos a tirar agora as máscaras dos dias quase felizes. Molas de madeira que prendem no estendal os resquícios dos anos, dos cheiros, dos sons e cores… a corda? A corda de sisal, do estendal, cria em movimento gémeo ao som. Pequenos rasgos na pele, por cima da cicatriz que acabou de fechar. São outros os dias que nos prostituem o corpo e fazemos contas às rugas, numa só mão, que valeram a pena.

A porta fecha-se sem estrondo. O dia não vai ser igual, o dia não pode ser igual, o dia não pode ser igual… embora amanhã vá na mesma acordar sem conseguir fugir, refém de mim." .

Samanta Velho

Eu e a Kate Nash não andamos

Surgiu, há já algum tempo, numa revista que eu tinha andado a dormir com a Kate Nash, havendo inclusive fotos que comprovassem isso. Eu não entendo porque não me perguntaram logo na altura e só se pegou nisto agora, mas acho que é por eu não ser habitué das cor-de-rosas, então estariam mais preocupados em saber do Cristiano Ronaldo e da.. Foda-se, da outra gorda americana.. Ah ya, a Britney.
Venho portanto, nesta sede própria, esclarecer todos os meus fiéis seguidores que eu não me deitei com a Kate Nash, participei apenas num videoclip em ambiente controlado com ela, e que não me encontro inclusivamente a dormir com ninguém, desde a última vez que a Kyra se deitou na minha cama, o que não foi lá assim tão bom, acabei por apanhar uma pulga na zona onde o Ronaldo faz uns buracos na cintura e eu tenho um osso. Pronto, mas já não tenho pulgas, relaxem.
Serve portanto isto para memória futura: Neste momento, continuo a ser e a querer dormir com quem dormia há cerca de 230 dias atrás (tanto faz, mas 230 tem lá o 23, desde que seja mais que... Sei lá, uns bons 50 dias). Porém, relembro que há uns tempos, em Espanha, compravam-se carros com motor a diesel pelo preço do respectivo combustível ser inferior ao da gasolina; O que sucede neste momento é que o gasóleo ultrapassou a gasolina, de maneiras que agora já todos os espanhóis querem antes comprar motores de explosão que motores de combustão.
E, Inês:

Eu contigo sempre preferi ter um motor de combustão do que um motor de explosão. Se algum dia te dignares a voltar a sentir falta da minha pessoa, lembra-te que eu não sou a gasolina. Tipo, não é para estar a fazer ninguém de burro, mas o motor de combustão é um motor que tem muito mais força que o motor de explosão, o da gasolina, e não é assim tão efémera a combustão como a explosão, e ambas têm mesmo comburente.
Findando: Não esquecer que os carros com motor a gasóleo não devem nunca andar com o depósito muito vazio, criam pó e fodem-se todos, isto é verdade.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Os Dois

Eu não sei quantas vezes te vais matar até eu cair
Eu não sei quantas vezes vais fugir para não voltar
Eu não sei qual das fugas iguais será excepção
E talvez um dia seja eu a largar a mão
Eu quero ver quantas vezes me vais ferir até ganhar
Quero saber se o que vem te dá razões para confiar
e entender que eu te sei sarar, te sei fazer feliz
Hoje vou-te querer roubar outra vez
Hoje vou-te querer provar outra vez
Vem viajar e ficando para depois... os dois...
E ninguém te vai prometer que é para sempre a paixão
E ninguém te vai jurar que é o fim da solidão
Mas eu não te sei apagar sem que possas entender:
o que o acaso nos mostrou a razão fez esquecer...
Porque eu sei que existir ao pé de ti é bem melhor
Eu sei que depois da tempestade vem azul
Eu já sei de cor o espaço do teu corpo para mim
Hoje vou-te querer roubar outra vez
Hoje vou-te querer provar outra vez
Vem viajar e ficando para depois... os dois...
Eu não sei quantas vezes te vais matar até cair
Mas se é tão fácil escurecer e tão simples eu fugir...
Hoje vou-te querer roubar outra vez
Hoje vou-te querer provar outra vez
Vem viajar e ficando para depois,
os dois.


Não sei se te agradeça ou não, Tiago.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Sorrir não é parvo?

Porque é que, se estivermos com uma cara triste num grupo de amigos, eles se viram para ti e dizem "Que cara é essa, porque é que estás triste?", e se estiveres a sorrir, por pensares em alguma coisa, por veres alguma coisa, por estares internamente feliz contigo mesmo, as pessoas olham para ti e dizem "Porque é que estás com cara de parvo, meu?", ou pior ainda "Estás-te a rir de quê?"

domingo, 16 de março de 2008

Always believe in your soul.

Hoje só por não te esquecer, escreveu-se.

Hoje só por ser Outono
Vou chamar-te meu amor
Contra as regras do que somos
Vou chamar-te meu amor
Hoje só por ser diferente te encontrar
É tanto fado contra nós
Mas nem por isso estamos sós
Embora fique tanto por contar
Hoje só por ser Outono vou
Entre dentes, entre a fuga
Vou chamar-te meu amor
Enquanto não se encontra forma
Vou chamar-te meu amor
Entre gente que é de mais
E tão pequena para saber
Que é tanto o vento a favor
Mas tão pouco espaço para a dor
Só pode ficar tudo por contar
Hoje só por ser Outono vou…
Há flores, há cores, há folhas no chão
Que podem não voltar
Podes não voltar
Mas é eterno em nós
E não vai sair
Desce o tempo e a noite vem lembrar
Que as tuas mãos já não são de nós para ficar
Por ser tanto quanto somos
Certo quando vemos
Calmo quando queremos
Hoje só por ser Outono vou



Obrigada, Tiago Bettencourt.

quinta-feira, 6 de março de 2008

Ending Part

Carta de Amor do Sr. Nick Cave

sábado, 1 de março de 2008

32


You want to drink my soul
'Till your heart is full
What happens when it's full and it splashes?
You've built all these rooftops
And painted them all in blue
If all this set just burns up will you paint the ashes?

Do you really want to see?
Because I'll let you in
With me

You shiver when the wind blows
Through doors that lost their keys
There's too little to rescue, too little to hang on to
I thought that maybe we could try to
Clear and rebuild this haunted home
I'll be glad to help you just tell me what to do

Why don't you tell me what to do?
Maybe you're scared too
I've been here before
Next thing you'll see
You'll feel
So small

I will disappoint you
And I don't care if I do
I belong to those who got shattered, battered
Bruises and scars that I've hidden and you could never heal
This grey house where I come from
Some great love will tear it down
If you no longer love me why should it matter?

Tell me why should it matter?
I can't ask you to stay
I can't find the words to say
Why don't you just leave?

Just leave