sábado, 21 de junho de 2008

Aturar as merdas dos outros.

Encontrei este vídeo porque queria ouvi-los.
Surpreendi-me quando ele agradece a todos aqueles vultos que ele via mal por causa do foco; agradece por aturarem todas aquelas merdas de serem fãs de Coldplay.
"Eh pa, tu gostas de Coldplay?", gosto sim, e agradeço que vás ouvir o teu som fixe para longe de mim, e agradeço que não venhas aprender a sentir Coldplay como quem sabe sentir Coldplay.
Realmente quando penso vejo que até ele percebe que as pessoas têm esse estigma anti-Coldplay.
É bom saber que é pequeno, tão pequeno tão pequeno o grupo de pessoas que sabe ouvir Coldplay como eu ouço que chega para me encher o coração todo.
Coldplay de frio não tem nada. Nem eu.


quarta-feira, 11 de junho de 2008

Carristur

Lição de voo intensivo


Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração,
e também a Bondade,
e a Sinceridade,
e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração.
Então poderia dizer-vos:
"Meus amados irmãos,
falo-vos do coração",
ou então:
"com o coração nas mãos".

Mas o meu coração é como o dos compêndios
Tem duas válvulas (a tricúspide e a mitral)
e os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos).
O sangue a circular contrai-os e distende-os
segundo a obrigação das leis dos movimentos.

Por vezes acontece
ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados,
e uma lâmina baça e agreste, que endurece
a luz dos olhos em bisel cortados.
Parece então que o coração estremece.
Mas não.
Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático,
que esse vento que sopra e que ateia os incêndios,
é coisa do simpático.
Vem tudo nos compêndios.

Então, meninos!
Vamos à lição!
Em quantas partes se divide o coração?


Mon ami, António Gedeão.
E a completar o post anterior, o cd de coldplay está assim a modos que fraquito. Mas não o mando fora.
Ah, e ó António, experimenta escrever com o coração em vez de com a cabeça.

Não tenho títulos

Já estava deitado até. É bué tarde.
Tens que passar algum tempo, amor. Tens que passar algum tempo comigo.
Vou-te possuir o coração.
Death Cab For Cutie vai estar em repeat enquanto escrever isto.
Há imensas coisas que vemos a metamorfizar-se à nossa frente. Coldplay tinha CD's chamados A Rush of Blood to the Head, e agora tem um chamado Viva La Vida. Isto é uma metáfora fodida.
Há coisas que mudam para tão pior. Os Green Day eram muita porreiros quando cantavam dizendo
King for a day, princess by dawn.
E agora já se juntavam com o Bono porque as árvores estão a morrer e não sei quê. Porra, já não se faz Vinho do Porto fixe ou quê?
Tudo o que é mais velho tem que apanhar bolor? Não, pois não? Não mesmo. Não mesmo.
Já o mesmo não digo das coisas que sempre me acompanharam, as outras que já não têm a ver com os Green Day de cabelos às cores em 1994.
Esses Death Cab for Cutie são uns desses. Eu ouvia-os quando achava confuso gostar de uma banda que não tivesse guitarradas potentes; Eles tocavam muito à base das cordas, mas eram umas guitarras diferentes; Tinham corações lá nas cordas.
Sempre mandei fora as coisas que já não prestam, sempre guardei as que não servem de nada mas que me fazem feliz. Tenho bilhetes de cinema que só eu é que os guardei. Opá, tenho imensa merda em que fui eu que fiquei com os dois bilhetes, mas não me vou chatear muito com isso agora, nem é disso que falo. Quando mudei a primeira vez de casa, reparei na quantidade de lixo que se acumula enquanto se vai vivendo anos e anos parado, conformado com o nosso pequenino espaço onde achamos ser felizes e onde temos o hábito de saber sempre onde é que está a caneta verde, a gaveta das fotografias das férias com os pais e para que canto atirar a roupa suja e usada.
Já vou na terceira repeat da música.
Anyway, e quando reparei na quantidade de lixo que tinha acumulado quando estava a empacotar as minhas coisinhas de uma casa para a outra, deixei metade para trás. Fiz isso com os amigos da escola do sétimo para o oitavo, também. Nunca mais vi nenhum. Trouxe apenas um ou dois carrinhos, aqueles que ficam. Como o Lamborghini que abria as portas para a cima, e a menina decidiu puxar a porta para o lado. Quebrou-me a porta, era pequenino e foi só a porta que partiu, portanto. Resolviam-se as chatices entre menino e menina com um chupa a cada um e um beijinho nas bochechas obrigado pelos pais. Porque é que as meninas insistem em prever para que lado é que as portas abrem? Vêm um carro que nunca viram, e estão logo à espera que aquele também abra a porta como os outros todos que viram. Óptimo, fiquem-se nessa. Eu cá gosto de ler manuais de instrução antes de brincar aos carros.
Agora não, agora já não podes decidir se queres mandar coisas fora assim ou não, é tudo demasiado complicado. Reparas que não gostas nada daquilo, queres mandar embora. Mas para já, os caixotes do lixo aqui em Lisboa são dos altos e pequenos, ao contrário daqueles caixões gigantes onde cabem quase frigoríficos combinados de 50 litros; Aqui tens que ter mais cuidado com o que queres levar para o lixo, porque há quem coma de lá aqui nesta cidade, e quem encontre lá relíquias. Já encontrei uma vez. Relíquias, comida graças a Deus que tenho a melhor família do mundo a segurar-me as mãos e nunca me faltou nada.
E este será provavelmente daqueles textos que muita gente lê, dado o tamanho pequenino dele, as milhares e milhares de metáforas parvas e minhas usuais aí pelo meio.
Pelo menos, alguém deitou por mim fora o frio. Já posso outra vez dormir com meio corpo fora dos lençóis, já posso vestir t-shirts e sentir-me leve e apanhar escaldões.
É tão difícil quando tens que pensar no "Oh, guardo isto ou não? Oh, que se lixe, bota 'pró lixo.", para mim. Ou há uma razão muito forte para se guardar, ou então manda fora, precisas de espaço para dançar.
Quando decidi tirar a mesa do quarto e metê-la na marquise, fui gozado, e agora, tenho chão como o caraças.
Estava agora a pensar no porquê de eles terem feito a música tão grande. Vou nos quatro minutos e ele ainda não falou. Então uma banda como eles, quando tem coisas para falar sobre o amor, não devia falar logo ? Não é assim que se faz? Estou perdido.

"fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido
com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro
do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir
que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde
os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas
não imaginam: são tão ridículas as pessoas, tão
desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós
olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver
sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de
medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto
dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes:
ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer:
amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um
oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga"

How i wish you could see the potential,
the potential of you and me.

É uma letra viciante. É uma letra que me pega pelo sítio certo. Mas pronto, é Death Cab, não é? E há coisas que nunca, nunca mais queremos mandar fora.
Vêm aí os Santos de Lisboa. E eu ando tão de mãos dadas com Lisboa. Quero cheirar manjericos nas mãos de outrém.
Também dão aqui manjericos, não é só em Viseu, pois não?

terça-feira, 3 de junho de 2008

Qualquer coisa que encontrei.