sábado, 21 de abril de 2007

Andou-se às compras de manhã.


(retirado de http://m0riendi.deviantart.com/)

domingo, 15 de abril de 2007

O dom da palavra.

Sabes como me sinto contigo? Não sei explicar.
Queres um bolinho?
Uma bola de "berlinde".
Que coisas bonitas queres tu fazer comigo?
Diz coisas bonitas! Assim como nas revistas.
Um tosta mista só de fiambre.
Magoaste-me na orelha. Vê, está vermelha!
Ó Ó, eu a dormir e babar.
Vamos masé estudar!

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Encontrei Isto.

Lágrimas à porta de prédios de cor cinza industrial:
editorial do jornal Vinte e três
na vanguarda do atraso


O lado (xoladox@.sapo.pt)
14 de Janeiro de 2007

[ o editorialista do Vinte e três ] diz-nos que enquanto houver manifestações de amor puro nas cidades, assuntos polémicos como o aborto ou, até mesmo, a pesca da lampreia são facilmente ignorados.
"Amor é amor. É essa a beleza. É esse o perigo."
Eram duas horas da tarde, ela já estava pronta. Inicialmente ela não tomava café, depois ele fez da bica um ritual de sonhos utópicos, tais como contratos pré-nupciais. O corpo dela não pedia cafeína, mas, sim, a companhia do seu mais-que-tudo. Tinha que esperar. E é tão chato esperar quando se ama, quando se quer tudo tão rápido, tão certo. E ela sabia que tinha de esperar. Tinham combinado estudar até às cinco da tarde, sim, porque os amantes, por vezes, fazem-se de racionais e dizem: “Primeiro as obrigações.”
Para queimar tempo, decidiu ir ao shopping. Ela bem queria ser contaminada pela epidemia gerada pelo consumo da época dos saldos, mas os seus glóbulos brancos resistiam ao vírus persistente. Então, cansada dos movimentos frenéticos das pessoas que felizes compravam t-shirts a 5, 99€, foi até ao clube. Sentada ficou menos de uma hora nas escadinhas de pedra que lhe gelavam as pernas. Para ela, aquela “menos de uma hora” era uma eternidade que não se encurtava por nada. Telefonou-lhe, desesperada, e passou-se da cabeça. Ela é mesmo assim, impulsiva e incoerente nas merdinhas insignificantes que os fazem entrar logo em diálogo “indialogável”. “Opá, deixa-me!”, “Cala-te!”, “ Estás-te a ouvir?” e “O que é que te falta?” são alguns dos versos da poesia dicotómica deles: amar / amar.
Entretanto, ele mais calmo e sensato do que ela não hesita em apanhar o autocarro e vem ter com ela. Ele é sempre mais carinhoso que ela. Ele é sempre mais chato que ela. Ele é sempre mais tudo. Pouco percebem de Física e, por isso, vêem os atritos como forças atractivas e coesivas manipuladas por uma força superior, que desconfio que seja de natureza poética: a Saudade. Amam-se muito. Ambos sabem isso.
Choram e choram. Aquele chorar de criança que deixou cair o gelado no chão, é o choro que reproduzem. É rídiculo e apaixonante. Depois abraçam-se e desabraçam-se. Ranhosos e de cara irreconhecível trocam festinhas de amor. E o mais bonito de tudo é que se protegem dos intrusos que decidiram passar na rua, naquele preciso lugar onde o trovão da paixão impôs-se à serenidade das 6 horas de um domingo santo.
Ela sempre achou que o amor é uma doença e nele julga ter a sua cura. Ele não discorda e acredita que é uma doença crónica pelos sintomas que sente por ela. Tomara que estejam certos, porque conheço bem de perto estas duas personagens.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

(self-titled.)

- então?

- ta gravado
- e postado
- check it out, man

- posso ver?

- Por favor.


- já li tudo
- posso cantar agora?



Encontra-me, por favor!

Daqueles vinte e dois mil, quantos receberam aquela música, aquele sorriso quase de costas um para o outro?
Compara comigo, eu acho que as minhas premissas têm que dar nalguma coisa.
Ninguém anda na corda bamba como nós. Simplesmente andam, ou não andam. Isto vale de alguma coisa, não vale?
Componha-se mais, então. Estás a ouvir-me ainda?
Ninguém sofre assim e vive para pedir desculpa ao outro por maldades não intencionais. Credo, o nosso vocabulário já leva a palavra maldade. Mas isto tem de valer de alguma coisa! Nós sofremos tanto e ficamos! Não?
E eu ficar com o que me dizes todos os dias? Vale de alguma coisa? E Tu ficares para aturar o meu feitio? Também vale! Eu acho... Como é que vês tudo isto? Diz-me a verdade.
Queres fugir, queres estar sozinha, queres querer procurar-me, queres que te dê espaço para me procurares sem que eu já lá esteja. Desculpa, não há-de ser pior que nunca lá estar. Antes que penses, isto ao telefone daria já pensares que eu estou a dizer que nunca estás, mas eu só disse que é capaz de ser melhor eu estar sempre que nunca estar. Desencontrados? Sim. Desentendidos? Sim! Mas ficamos? Sim!!!
Estou triste, quero que saibas. Mas estou aqui à procura de um boião de felicidade, porque não consigo viver assim, quero tratar da minha quota de culpa, tão inocente como a Tua, e dar-Te um canto melhor, naquilo que possa, que me compete, que queiras que Te dê.
Estou aqui em busca de Ti. Preciso de Ti. Sinto que não largas um sorriso por minha culpa desde que eu gritei "PRENDAAAAAAS!"...
Parece que estou a querer cozinhar para Ti e Tu estás a embirrar que comes em casa, para comer eu. Eu a tentar dar o meu melhor e Tu a dizer que preferes não me deixar dar uma festa no braço à mesa. Estas discussões são disso, são birra de um ou de outro, e acabam todas de maneira diferente de como começam, pois começam porque sim e acabam por uma razão bem forte que cá temos. Sentes isso?
Tenho medo, espero que aches normal que tenho, porque fora da alma ou não, dizes aquelas coisas, inconcebíveis, e eu não sei ignorar, nem o irei nunca fazer, seria muito errado banalizar-se isto a esse ponto.
Não tenho vergonha de nós, Inês. Não quero ser ninguém, não invejo ninguém, não suspiro a pedir para isto ser diferente, não lamento esta merda assim, não procuro conforto num sofá, se bem que acho que estou a precisar de partir alguma coisa e ficar a soro uns dias, bem quieto e só a dormir. Sinto-me estafado de corpo, mas estou aqui a escrever com o que não é corpo, à procura que me venhas procurar. Já te disse que morro por que me faças caír pedaços Teus Inesperadamente? Mas mesmo, mesmo?
Ouve, desculpa tudo isto, desculpa não pedir desculpa, desculpa não agradecer e desculpa ainda não sei o quê, desculpa não agradecer, e espera, desculpa ainda não sei o que virá amanhã, e muito certamente sábado.
Desculpa não te dar o que precisas, esta vem do dito.

Vem-me procurar, pensa para Ti se o cansaço é só das pernas. Pensa para veres que sim e me correres aos braços. Quero abraçar-Te de uma maneira que já conheces vinda de mim. Quero dar-Te o conforto que conheces vir de mim. Atenta no que digo: Vem ter comigo para Te poder dar o que sabes que vem de mim. Tu sabes o que Te posso dar! Encontra-me! Puxa por mim, Amor!
Acima de tudo, sei que me conheces, vejo nos Teus olhos. Sabes que não sou o que se diz por aí.
Queres vir difamar comigo ou queres vir difamar-nos comigo? É que eu queria era ir pintar os... Como se diz, em inglês é sidewalk curbs, não sei aqui, com o número vinte e três. Anda lá, a sério.


(The Lemonheads - Bit Part)

domingo, 1 de abril de 2007

O Dia das Mentiras e Uma Salva de Palmas.


Ontem, entre os nossos conterrâneos, discutiu-se o dia mais estúpido para se celebrar a data de aniversário. Chego, hoje, à conclusão que a estupidez não está associada à data de aniversário, isto é, à data de nascimento, mas precisamente à discussão, visto que há datas que não se podem escolher.

Votou-se no 1º de Maio, no Dia do Trabalhador, no 1º de Abril por ser o Dia das Mentiras e no dia 11 de Setembro pelos atentados terroristas que mudaram o mundo desde então.

Nenhum deste dias foi eleito o mais estúpido porque a votação perdeu-se em cálices de Vinho do Porto e em minis.




Fiz esta introdução de extensão considerável para Te dizer que quem faz a data de hoje és Tu.

Desejo-te as maiores felicidades e volto a pedir-te aquilo que Te pedi ontem e que suspeito amanhã pedir-Te também.


Petit psaume du matin


Quatro espaços sombrios por explorar e dois homens - Josef Nadj e Dominique Mercy - em cena.

A monocromia cinza da peça é intersectada por episódios fragmentados e inacabados. Os dois criadores estão inseridos numa espécie de ambiente dramático aliado a uma história absurda que estimula risos envergonhados na plateia.

Os movimentos corporais surgem individualmente e convergem num encontro dançável. Este enche-se de cor pela qualidade da interpretação de Nadj e Mercy que resulta de uma sólida formação em dança e uma longa carreira artística.

O cinzento como base cromática, as máscaras que silenciam verdades e o estado onírico em primeiro plano são acontecimentos de uma imagem impura e de uma extrema sensibilidade em palco.