quarta-feira, 9 de abril de 2008

Tantos e tantos dias.

João chega a casa e já era escuro, andava um vento frio e a chuva como ela: ora vinha, ora parava.
Dentro de casa também era escuro, como ele gosta quando está triste, fá-lo sentir melhor, vê menos as suas paredes. Poisou o seu caderno estilo pseudo-artista cheio de algoritmos e matrizes e o livro grosso porque gosta de o levar e diz "Foda-se..", estava cansado. Cansado da escola, cansado das passadeiras, da chave no bolso e da boca calada.
Passou a mão pela cara e limpou a chuva que escorria como lágrimas que não saíam dos olhos, e sentia o fumo de Lisboa na pele.
"Preciso de um banho, mas estou cansado para o ir tomar.".
Olha para o piercing, e sente-se mais calmo. Aquilo diz-lhe que por raros momentos ainda é ele que comanda o corpo.
Fome, nada para comer, "Merda, rua outra vez...". Fala pouco, sozinho. O que ele dava agora por uma tarte de maçã e um café com canela. Mas estava cansado para a ir buscar.
Estica-se sobre a cama, sente o conforto e levanta-se outra vez, aquilo não é para ele às 4 da tarde, era para eles só. Para ele, dormir sem ela agora era como perder tempo de vida, se bem que acordado matava-se a pensar, era a cabeça vazia a oficina do diabo.
Decidiu pegar no rolo e ir à baixa revelá-lo. Graças a Deus que não foi. Decidiu-se a sentar na cama e adormeceu, de cansado.
Sentiu-se cansado de não se cansar de a querer.
Adormeceu, descansado.

1 comentário:

J.MARTINS disse...

Li o post 4 vezes, tinha de o comentar. Sem nada dizer, já disse...