sábado, 3 de maio de 2008

Perder coisas

Vejo quatro maneiras de perder as coisas: Ou as perdemos porque nos esquecemos delas, ou as perdemos como numa guerra, uma disputa, em que se perde por sairmos derrotados, ou as perdemos porque as queremos esquecer, e por fim, porque somos obrigados a tomar uma decisão.
Assim, já perdi os meus óculos do PC num táxi, já perdi loots no Ultima Online (há muito tempo.) ou bilhetes por não chegar a tempo ou uma rapariga por elas quando éramos pequenos só se importarem com o mais giro (sim, eu sei que ainda existe isso), já esqueci pessoas que me trataram mal e que nunca mais as quis ver, e a única coisa que nunca perdi por decisão, e provavelmente a única que não se deixa perder por decisão, é o amor.
Já me esqueci de alguém porque foi para longe, já me esqueci de alguém porque fui trocado, já esqueci alguém porque me magoou, mas nunca tive que esquecer ninguém por decisão, como agora.
É muito complicado quereres esquecer o amor por via do teu cognitivo e da razão, porque o amor é estúpido e não encaixa nessas coisas do forro filosófico ou intelectual.
Daí, há 3 meses que a minha cabeça se ocupa de coisas como fotografias em lomos, cinemas, o curso, os amigos, as amigas, as saídas, Lisboa. Sou uma pessoa sem casca, e não tenho nem nunca tive defesas para esconder o que sinto ou o que me vai cá dentro. Assim, foram estas coisas que me ajudaram a não secar por dentro. O coração é que nunca decidiu esquecer. Parece que sou dois agora, porque tenho uma mente que não comanda de todo o coração. Nunca estive encalhado assim. E esta é a única vez que quero esquecer.
Por sorte, penso eu, há uma altura em que chega o fundo, mesmo. Aí, não tens hipóteses de numa hora estragar os pedacinhos de sorriso que andaste a juntar ao longo de uma semana.
Disse-lhe que não queria ser amigo dela, sequer. Disse-lhe que não podemos voltar a falar.
No fim de tudo, acabei por ver que a vida pode ser tão ingrata. Mas venha o rapaz para ela que vier, e viva o que viver com ela, eu é que a vi dançar a primeira vez em palco, eu é que a passeei na Avenida da Liberdade primeiro, eu é que a beijei no concerto do Jamie Cullum, eu é que saí com ela de Portugal a primeira vez, eu é que vi o Anyway The Wind Blows com ela, eu é que lhe meti o Office 2007 no portátil quando precisou, eu é que escrevi o bloquinho com ela (e eu é que sei que ela sabe todo o resto). Eu é que vivi o que vivi com ela, portanto vocês, façam o que fizerem, não me interessa o quê, não nos batem.
Eu guardo o que quero.

Há coisas que não fazem nem nunca vão fazer sentido: A primeira é, como é que tu, quanto mais de ti dás, pior te fazem; A segunda é, como é que tu te esqueces mais depressa de uns óculos num táxi do que do amor, que é uma merda que não se vê.
Isto é meu, o meu blogue.
E sim, é só meu.

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