sexta-feira, 30 de março de 2007

Música de filme.


Passámos pelo café e fotografámos-lhe o nome pela apaixonante razão de ser italiano.

Combinámos, então, entrar no dia seguinte dado que o tempo escasseava e havia horários a cumprir na Costa Encantada ****.

Estávamos no dia seguinte. A digestão iniciava-se. O teu corpo orava por um café e o meu por descanso. Deitámo-nos. 5 minutos - esticados no sofá. 10 minutos - as pernas já davam sinal de satisfação. 15 minutos - os olhos viam escuro paradisíaco. 20 minutos - alguém batia à porta. Tu fisicamente mais resistente, não vacilaste e levantaste-te. Eu não. Eu nem queria acreditar na existência daqueles dois intrusos com roupa azul turquesa. Fiquei desperta, claro. Ok, e rabugenta também. De repente, levanto-me e calço as minhas bailarinas: "Vou levar os dentes e vou tomar café." Esta última afirmação foi dita num discurso directo pouco pacífico. Assustaste-te com a minha má disposição, mas incrivelmente paciente aceitaste-me assim.

Cruzámos as mãos e não nos olhámos nos olhos durante um quilómetro de vento.

Chegámos. Era o tal café pequenino e rústico que tinhamos encontrado no dia anterior. Escolhi aquele canto porque pareceu-me acolhedor. Precisava tanto de colo, mas o orgulho aniquilava o pedido por um carinho teu.

Não nos olhavamos. Num sopro de coração, a música "Blame it on my youth" começa a tocar. Sorrisos envergonhados teimavam em não ser esboçados. Passados segundos (aposto em 23 segundos), ambos cedemos e beijamo-nos com os olhos molhados.

Ficámos lá sensivelmente 45 minutos. Foi o tempo de sentir racionalmente que tinhamos sido presenteados pelo destino. O feliz acaso de ouvirmos o CD de Jamie Cullum numa cidade em que o desaparecimento humano gradual é visível pela elevada frequência de ambulâncias nas ruas, é efeito de varinha de condão.

Querendo forçosamente destacar este episódio na nossa viagem (pré-nupcial), não posso deixar de te dizer que tudo o que fazes é registo no nosso bloquinho.







Um beijo por cada faixa de música escolhida por ti.

Um beijo por cada vez que cobriste os meus pés com a tua manta Toyota.

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